Caminhei
pelas vilas e cidades
Entre virtudes
e maldades
Lutei em
todas as rinhas
Batalhas nobres
e mesquinhas
Vi pelas
frestas das janelas
Matronas e
donzelas
De expressões
inocentes
E olhares
indecentes
Gritei a
plenos pulmões
Poemas e
palavrões
Viajei pelos
sete mares
Respirei todos
os ares
Tomei remédios
e venenos
Pulei muros
e abismos
Ganhei uma
grana preta
Perdi tudo
na roleta.
Plantei flores,
frutos e espinhos
Gerei filhos
legítimos e bastardos
De joelhos em
lamentos mesquinhos
Pedi perdão
pelos meus pecados.
Restou-me
uma ultima empreita
A hora do meu
melhor recado
Deixo aqui
neste poema
O meu
derradeiro legado
João
Drummond
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